De Desdêmona a Capitu: Machado de Assis lê Shakespeare

Investigar a produ？？o crítica machadiana, a partir da segunda metade do século XIX, como uma tentativa de defini？？o teórica da crítica literária no Brasil é o que se pretende com este artigo. Trata-se de uma pesquisa sobre as condi？？es de possibilidade da prática crítica, passando pela no？？o de valor (estratégia significante), pela quest？o do canone e pelos processos de hibrida？？o, modus operandi por excelência do discurso crítico machadiano. Nesse sentido, pretende-se refletir sobre a recep？？o do teatro shakespeariano nos ensaios críticos de Machado de Assis enquanto estratégia discursiva para a análise de O Primo Basílio, de E？a de Queirós (studium). E, como desdobramento lógico, cumpre discorrer sobre o trabalho da cita？？o de Otelo, de Shakespeare, n？o só como “fonte” para o enredo de Dom Casmurro (1899), considerado “o mais subtil e genial romance de língua portuguesa” (LOUREN？O, 2015, p. 143), mas também para a gesta？？o de Capitu, a personagem de fic？？o mais oblíqua e enigmática da textualidade machadiana (punctum)