Teoria política feminista e liberalismo: o caso das cotas de representa o

Uma inova o na democracia brasileira, as cotas para mulheres em elei es têm sido discutidas, em geral, sob a perspectiva de sua eficácia (ou n o). No entanto, a ado o deste tipo de medida merece uma análise mais aprofundada, do ponto de vista da teoria política, já que implica rupturas significativas com o ordenamento liberal. Em primeiro lugar, há um reconhecimento de grupos (no caso, as mulheres), e n o apenas indivíduos, como sujeitos de direitos. Além disso, é rompido o isolamento formal da esfera política, local em que se encontram cidad os "livres e iguais", em rela o às desigualdades sociais. Por fim, fica evidenciada a insuficiência dos mecanismos de accountability (responsividade diante dos constituintes) dos representantes, o que motiva a reivindica o de presen a direta dos grupos sociais nos loci de poder. O artigo discute estas quest es, procurando mostrar tanto a for a das políticas de cotas quanto os novos dilemas que elas geram.