|
A Moldura de uma Existência Cosmopolita: Cultivo de Sentimentos Públicos uma Leitura Arendtiana / Framing a Cosmopolitan Existence: The Cultivation of Public Feelings an Arendtian ApproachKeywords: Existência cosmopolita , sentimentos públicos , Hannah Arendt / Cosmopolitan Existence , Public Feelings , Hannah Arendt Abstract: Resumo: A atrofia da capacidade de imaginar aquilo que nos diz respeito somente em comunidade atingiu um patamar que mencionar sentimentos públicos já n o faz qualquer sentido, muito menos em se tratando de definir felicidade e satisfa o. A propens o de equalizar o imaginário de aprazimento exclusivamente às aspira es e aos êxitos pessoais ou ao concomitante contentamento material nas sociedades de consumo demonstra n o só o empobrecimento do nosso imaginário público, mas o aniquilamento de nossa capacidade de se comprazer com algo que n o traga consigo expectativas e interesses particulares. De fato, a tentativa de escapar à inexorabilidade de eventos históricos irreconciliáveis, e ao próprio desnudamento da vulnerabilidade da condi o humana, levaram, segundo Hannah Arendt, as sociedades contemporaneas a um robustecimento da esfera privada. A sobrevaloriza o da experiência interior paulatinamente ocupou a esfera pública ao inflacionar o espa o coletivo com interesses privados, idiossincrasias individuais e satisfa es pessoais. O espraiamento da supervalora o das experiências interiores tem-se mostrado inversamente proporcional ao desencantamento e extenua o dos espa os potenciais daquilo que nos diz respeito apenas como membros de uma comunidade, n o tanto do espa o objetivo entre homens (objective in-between space), à fabrica o, à poiesis do mundo, mas sobretudo do espa o intersubjetivo, às a es, a práxis (subjective in-between space), responsável pela edifica o de uma espécie de imaginário da coisa pública. Palavras-chaves: Existência cosmopolita, sentimentos públicos, Hannah Arendt. Abstract The atrophy on the capacity to conceive what concerns us only as community has reached such level that to evoke the idea of public feelings makes no sense, even less if referring to definitions such as happiness or satisfaction. The inclination to equalize the imagination of pleasure exclusively either to private aspirations and achievements or to consequent consumer society’s material contentment reveals not only the impoverishment of our public imaginary, but also, the annihilation of our ability to be delighted with anything rather then private interests and expectations. As a matter of fact, according to Hannah Arendt, the attempts to escape the inexorability of irreconcilable historical events and the denudation of human condition’s fragility have taken contemporary societies to toughen the private sphere. The overvaluation of interior experience gradually took over the public sphere by inflating the collective space with private interests, indi
|