O salário por produ o enquanto uma estratégia empresarial: estímulo à intensifica o do trabalho dos cortadores de cana brasileiros

Na agroindústria canavieira brasileira, os cortadores de cana s o remunerados de acordo com o salário por produ o, forma específica de remunera o que atrela o pagamento dos mesmos à quantidade de cana cortada. Por intermédio do salário por produ o, as usinas conseguem: impedir que os trabalhadores rurais adquiram o controle do seu processo de trabalho e de seu pagamento; selecionar somente os trabalhadores mais produtivos; assegurar o investimento dos cortadores de cana em seu trabalho; e transformar os trabalhadores rurais em “colaboradores”, mais cooperativos e envolvidos com os objetivos da usina para qual trabalham. Atualmente, com a divulga o de inúmeras mortes, mutila es e acidentes de cortadores de cana, o salário por produ o passou a ser identificado por alguns pesquisadores como o principal responsável n o só pelo crescimento contínuo dos índices de produtividade dos trabalhadores rurais, mas também pelo trabalho excessivo e até mesmo pelas mortes de inúmeros cortadores de cana. Diante desse contexto, o objetivo do presente artigo é analisar essa forma específica de remunera o, buscando deixar claro sua íntima rela o com o processo de superexplora o e com o aumento da intensidade do trabalho dos assalariados rurais.