|
Lógicas de guerra e a reprodu o das margens: Gangues, mulheres e violência sexuada em El Salvador Logics of War and the Reproduction of the Margins: Gangs, Women and Sexualized Violence in El Salvador Logiques de guerre et la reproduction des marges : gangs, femmes et violence sexuée au SalvadorDOI: 10.4000/rccs.4830 Keywords: women’s studies , victimization , sexual violence , delinquency , El Salvador , post war , études sur les femmes , victimation , violence sexuelle , après-guerre , délinquance , Salvador , estudos sobre a mulher , vitima o , violência sexual , delinquência , El Salvador , pós guerra Abstract: Vinte anos após os Acordos de Paz (1992), El Salvador é considerado um dos países mais violentos do mundo. Os atores mais visíveis e temidos desta violência s o os gangues que, há cerca de duas décadas, se digladiam entre si e aos quais s o atribuídos vários atos de violência sexuada, incluindo contra as próprias mulheres que os integram. Estas, que s o simultanea ou alternadamente vítimas e perpetradoras, fazem parte de uma imagética sobre mulheres e feminilidades anormais ou perversas; mas s o, sobretudo, consideradas como exce es e, por isso, ignoradas. Este artigo explora as raz es da pouca aten o prestada às motiva es e à participa o das mesmas em grupos violentos, bem como à violência que contra elas é praticada, a partir da desconstru o de dicotomias e oposi es estanques associadas à guerra e à paz, destacando antes a fluidez das conex es entre ambas. Procura se demonstrar que uma conce o da guerra e da paz como estados bem definidos e separáveis e uma associa o da guerra à exce o e à violência legítima n o s o neutras do ponto de vista da reprodu o da violência em tempos de “paz”, acabando por ocultar e justificar os processos de desumaniza o que conduzem a uma dupla vitima o das mulheres dentro dos gangues e à negligência de que s o alvo na literatura académica e nas políticas de apoio às vítimas ou de preven o da violência. Twenty years after the Peace Accords (1992), El Salvador is still considered one of the most violent countries in the world. The most visible and feared agents of this violence are the gangs which have fought each other for some two decades, and which are accused of various acts of sexualized violence, including against their own female members. These women, who are simultaneously or alternately victims and perpetrators, are generally viewed as abnormal or perverse examples of womanhood, exceptions and therefore ignored. This article explores the reasons why so little attention has been given to these women’s motivation and participation in violent groups, and to the violence inflicted upon them. It deconstructs the clear cut oppositions and dichotomies associated to war and peace, highlighting the fluidity of the connections between them. The conception of war and peace as well defined separable states in which war is viewed as an exceptional and legitimate form of violence is not considered to be neutral from the point of view of the reproduction of violence in “peace” time. Indeed, it is argued that it ultimately masks and justifies dehumanization processes, which doubly victimize women within gangs and cause
|